quinta-feira, janeiro 27, 2011

Crónicas sobre o futuro

É esta a crise em Portugal - primeira Parte
Andam pelas ruas das cidades de mão estendida, envergonhados, receosos de encontrar alguém conhecido da sua outra existência. São os novos pedintes, atraiçoados pelo Estado e pela vida, velhos e velhas da classe média com bom aspecto exterior, aterrados ao ver desaparecer rapidamente o pequeno pecúlio amealhado ao longo de muitos anos de trabalho, ou recebido de uma pequena herança. Passam horas a tentar descobrir algumas novas formas de ganhar qualquer coisa honestamente, como sempre quiseram. Para eles recorrer á caridade é o último passo, a maior vergonha. Por vezes recorrem a truques para disfarçar a indigência: “Meu senhor, perdi a carteira e não tenho dinheiro para regressar à minha terra”. Algumas destas velhas senhoras recordam-me a minha mãe e puxo pela pequena nota que as faz agradecer com lágrimas nos olhos e me faz desviar os meus. Também é isto, a crise.
Do outro lado, na rua em frente, há um centro comercial com gente que se acotovela para comprar o vestido ou o telemóvel de que não precisa. Há muitos jovens em restaurantes caros, muitos Porches, ferraris, Jaguares e Mercedes, sem que se perceba bem de que forma são pagos, talvez por um sucateiro. Os maiores e melhores andares são vendidos rapidamente. As revistas mostram o que pensam e desejam as mulheres na moda e os velhos senhores de carteiras aparentemente recheadas. Os bancos oferecem dinheiro numa hora ou pelo telefone. Casas, ou palácios, podem ser comprados para pagar em quarenta anos. Os aviões para locais exóticos, ou simplesmente para qualquer lugar, vão cheios. Abrem novas lojas de produtos de marcas luxuosas vendidas a preços dificilmente compreensíveis para o comum dos mortais. Um único especulador que mal sabe falar amealhou, em trinta anos consumidos a obter licenças camarárias, tanto dinheiro que um banco vive com medo de que ele o leve para outras paragens. Também é isto a crise que se vive em Portugal.

1 comentário:

Anónimo disse...

Infelizmente é mesmo esta a crise em portugal ou talvez ainda pior
gostei da primeira parte da crise :)
será que tem continuação ;)

abraço